A Organização Mundial de Saúde estima que no Brasil sejam 30 milhões de animais abandonados, dentre eles 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos. Em Petrópolis, só no Centro Histórico, são cerca de 35 cães e em cada bairro calcula-se entre 40 e 50 animais. Os números não são oficiais. São dos protetores que trabalham na causa animal do município.
“Essa média é muito do protetor que tá na rua, nos bairros como São Sebastião, Independência ou Quitandinha, com várias vielas, ruazinhas e comunidades, sem contar os distritos. Oficialmente, esse mapeamento é muito difícil de se fazer porque a população de rua é muito instável, devido às brigas, maus tratos e frequentes óbitos. Isso sem contar a famosa ‘saidinha’ e as colônias de gatos, que podem duplicar ou triplicar esse número”, explica a protetora Mariana Davies, do Projeto Somos Todos Protetores.
A “saidinha” é quando o animal tem casa, mas o tutor permite que ele saia sozinho para dar uma volta e fazer as necessidades nas ruas. A prática é criticada pelos protetores, pois pode provocar acidentes e coloca o peludo em risco de maus tratos e morte. “As colônias de gatos são gatos selvagens que ficam em lugares de mato ou algum local abandonado. Em frente ao Palácio de Cristal tem uma colônia. Essas colônias têm dez, trinta, cem gatos e eles vão procriando indiscriminadamente e transmitindo doenças entre eles. É muito triste a situação dos gatos em Petrópolis”, relata Mariana.
Cães se reproduzem de 6 em 6 meses e gatos de 3 em 3 meses. Uma fêmea não castrada pode gerar em 10 anos após sucessivas gerações mais de 80 mil animais. Um macho pode copular com várias fêmeas em um único quarteirão. Para diminuir a situação dos animais de rua é unanimidade entre os protetores que a solução é a castração. “Isso é uma obrigação do poder público. Pela lei, o Estado é o tutor dos animais em situação de rua. É obrigação da Prefeitura ter políticas de castração. Além disso, deve haver mudanças na lei sobre a punição dos maus tutores, de pessoas que abandonam animais e realmente ter fiscalização das poucas leis que já existem. Elas não são cumpridas”, declara.
Alguns animais resgatados em situação crítica, após longo período de recuperação, ganham uma segunda chance em feiras de adoção. Por isso, a entidade filantrópica Dog’s Heaven e o projeto Somos Todos Protetores estarão juntos para realizar uma grande feira de adoção com cães, gatos, filhotes e adultos, no sábado, 24 de agosto, de 11h às 16h, no Pet Day Amigo Bicho, no Petropolitano, da Rua Roberto Silveira, 82, em Petrópolis. A entrada do evento é por meio de um quilo de ração cão ou gato. O alimento será revertido para os animais amparados pelos dois grupos.
Para a protetora Vivi Pereira, a importância da feira de adoção é imensa porque leva esses animais que muitas vezes estão com protetores, abrigos e hospedagens para serem vistos e mostra o trabalho de muitos protetores. “É essencial que aconteça estas feiras de adoção em um ambiente como o Petrô porque sai das clínicas veterinárias. São públicos diferentes. Mas é fundamental que existam regras, um veterinário como responsável técnico, que os animais sejam vacinados, vermifugados, castrados ou tenham castração garantida”, ressalta.
O projeto Somos Todos Protetores é formado por Mariana Davies, Virgínia Pereira e Domingos Galante Neto. Somando os animais que recebem cuidados pelos três integrantes, hoje o número está em torno de 140 cães e gatos. O projeto tem como objetivo ensinar e educar a todas as pessoas como ajudar um animal necessitado e mostrar que todos podem ser protetores em potencial.
“Infelizmente, os grupos de protetores da cidade já estão lotados e endividados, então é preciso conscientizar as pessoas de que cada um pode fazer a sua parte e não esperar uma ajuda, que muitas vezes, não chega, o que pode fazer a diferença na sobrevivência do animal”, esclarece Mariana.
A entidade filantrópica Dog`s Heaven foi fundada pelo arquiteto Guilherme Agnew, em 2012, e hoje abriga mais de 260 animais. Guilherme adotou o primeiro cachorro em Petrópolis, em 2004. Menos de dois anos depois, já cuidava de 8 cães. Chegou a ter 45 animais em casa. Posteriormente, teve que alugar um terreno e construir um abrigo.
Ao longo dos anos, Guilherme já conseguiu adoção para mais de 200 animais e financiou mais de 350 castrações. Porém, os gastos ainda são muito altos. “Hoje eu consigo uma ajuda de mais ou menos 25% do total que eu gasto, que passa de 20.000 reais por mês. Mensalmente, são 3 toneladas de ração, castrações, exames laboratoriais, medicamentos, pessoal, água, luz”, enumera Guilherme.
Para adotar, além de amor e consciência de compromisso e responsabilidade com o animal por muitos anos, é preciso ser maior de idade, levar RG, CPF, comprovante de residência e assinar um termo de posse responsável.
Pet Day Amigo Bicho – O evento é organizado pelas médicas veterinárias Priscila Mesiano e Beatriz Pellegrini. A programação contará com auficina de petiscos naturais, com a nutróloga Jéssica Gamberoni, às 11h30, aulão adestramento canino, com Rogério Nogueira, às 12h30, e show da banda Memphis Belle, às 14h.
Além disso, haverá fotografias gratuitas Agatha Rezende, Manual de Bons Tratos – Catarina Maul, exposição de pinturas realistas em aquarelas de pets Luciana Barreto, personagens Patrulha Canina, brinquedos infláveis para crianças e pets e stands de produtos pet.